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domingo, 23 de janeiro de 2011

Nostalgia

Senti uma saudade do que ainda nem veio
E o disco arranhado na vitrola teimava um acorde só.

A vovó fazendo um bolo, o avental sujo de farinha
O cheirinho de fermento e ovo batido vindos da cozinha.

O cheirinho do café que nem tomo ainda
Um sentimento bom dentro do meu peito ilhado.

Uma chuva fininha caindo devagar, sem pressa
E um mormaço que, sem dúvidas, me deixará gripada.

Dalva de Oliveira tocando ao fundo
E a cadelinha, ainda filhote, discutia com gatos em muros altos.

O vovô chupando um pirulito que a netinha deu encondida
E ajeitando o jornal em camadas perfeitas.

Um corredor que traduzia intensidade
E uma saudade que bate num peito só.

Carolina Morais

3 comentários:

  1. Nossa, esse fez bater a nostalgia fundo. Quanto sentimento!

    Beijo.

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  2. Carol

    A nostalgia bem docomentada, ao correr do poema de Carolina Morais.
    A tua opção prima por ser sumarenta.
    Beijos

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"Sou demasiado orgulhoso para acreditar que um homem me ame: seria supor que ele sabe quem sou eu. Também não acredito que possa amar alguém: pressuporia que eu achasse um homem da minha condição."
Nietzsche