Passos na lua, rumo ao infinito escuro e circular.
Carolina Morais
Enquanto eu escrevia o poema, escutava a belíssima canção Moon River, escrita por Johnny Mercer e Henry Mancini, em 1961. A foi interpretada no filmeBreakfast at Tiffany's (sim, o meu favorito!) por Audrey Hepburn(sim, a minha favorita!), a estrela do filme, enquanto a própria música ganhou o prêmio Academy Award for Best Song daquele ano por Mercer e Mancini.
Acho filme belíssimo, e essa música também. A letra fala sobre ver o mundo e viver a vida intensamente, atravessando o "rio da lua", mexendo com nossa imaginação, com nossos sonhos e aspirações mais profundas. A letra é simplesmente linda, pura e leve. A melodia é ainda mais leve. A versão que posto aqui não é a original do filme, mas uma interpretação por Katie Melua, com sua doce e agradabilíssima voz. Espero que gostem!
E o pecado não mais sorri para mim
Encontro-me ali
só
e os olhos não choram mais
Agonizo
Respiro
Piro
Agora
É o fogo
Estou absolvida
Não por mim
Não de meus pecados
Pesados
(?) (?) (?)
Não, ainda não.
(Ainda)
...Amém...
Sob o brilho da última estrela viva
Quando achei que minhas tentativas
Todas em vão foram,
Ela, com seu olhar azul
Sorriu para mim
Ecoando, enfim,
Felicidade no infinito!
Raspando capa fina de sementes
O agora vira o eterno bem distante
Comigo? -Sonhos!
De tarde arranco verde caminhar
Asas pontiagudas
Anunciam: Recomeço!
Quem me conhece sabe que ando meio triste já que não estou podendo fazer ballet por enquanto.
Resolvi postar a variação feminina que mais gosto. Essa variação é da Bela Adormecida. Linda. Poesia na pontinha dos pés.
Sentada sozinha em uma sala qualquer
Como companheira tenho a solidão
Um sentimento de paz invade meu ser
Ponho-me a ler Drummond, poeta-inspiração
Através das janelas de vidro
Vejo pessoas, barulho, confusão
Debaixo de árvores velhas
estudantes conversam e namoram no chão
E eu, sozinha
Perco-me entre Toadas do amor, Infância, Sol de Vidro e Construção,
Eis que ouço uma batida
Mas não vem do coração
Na terceira janela, da direita para a esquerda,
Batidinhas me chamaram a atenção
Poderia ser um amigo, o vento ou um ladrão
Levantei-me, fui até lá ver tal situação
Até que vejo uma criatura linda
lindinha...
Entre batidinhas no vidro temperado de verão
Vira de lado sua cabecinha, quase que sorrindo
Um passarinho visitou, enfim, minha pobre solidão.
Carolina Desmondier
Esse poema é fruto de algo que verdadeiramente aconteceu comigo hoje (07.04.10), enquanto lia a antologia de Carlos Drummond de Andrade que havia acabado de comprar. Estava sozinha, lendo Drummond, quando escutei batidinhas na janela. Levantei-me para olhar, e a criaturinha ficou lá, virando a cabecinha e batendo com o bico na janela da sala por alguns minutos. Eu nada fiz. Fiquei olhando para o passarinho e, quando ele foi embora, sorri. E escrevi. De tão verdadeiro, peço que perdoem as rimas rimas rimas(não me identifico com muitas rimas). Mas foi o que senti no momento.
Muitos me perguntam e me perguntaram de onde veio esse "Desmondier". Há um tempo, quando completei meus 15 ou 16 anos, descobri a paixão pela poesia. Desde pequenina sempre gostei muito de Literatura e de Artes ... De tanto ler, eu descobri o gosto e o prazer da escrita. Comecei lendo grandes clássicos brasileiros em prosa, romances...Depois me encantei por crônicas...e, acabei criando um vínculo fortíssimo com o lirismo. Daí, nasceu um amor imenso pela Poesia!
Um dia, sabe-se lá como, veio em minha cabeça o nome "Desmondier", e fui procurar em vários sites de busca se encontrava algo sobre esse nome. Pois bem, não encontrei! Na verdade, eu ME encontrei! E, assim, adotei esse nome como meu pseudônimo na arte da escrita. No início, dei-me a alcunha de Carolina Desmondier. Hoje, o blog leva o sobrenome que carrego comigo há 5 anos. Não o uso mais como pseudônimo...vi que o Morais, registrado em meus documentos, confunde-se e se confundirá eternamente com o Desmondier, registrado em minha alma.
Gosto muito de Bossa Nova. Fato. Tom Jobim com suas canções, que são verdadeiras obras poéticas, fazem e sempre fizeram-me refletir sobre a vida, sobre o que fazemos dela...Outro dia estive pensando sobre a liberdade, sobre o destino que nos prende ou não a essa liberdade.
Antonio Carlos Jobim compôs uma música chamada "Passarim". Essa música fala sobre a efemeridade da vida. Fala como tudo na nossa vida passa. Um dia, tudo precisa acabar para que novos ciclos se iniciem, e para que esses mesmos ciclos uma dia, acabem para que novos surjam. E assim levamos nossa vida, o vento leva amores, oportunidades, pensamentos...A chuva apaga alguns fogos que são acesos sobre antigas cinzas em nossa existência. No final, todos(?) seremos felizes(ou satisfetitos?), e já me disseram que se você ainda não é feliz, é porque esse final ainda não chegou(clichê, I know). Tom Jobim. na canção questiona o porquê essa efemeridade, questiona: por que tudo nessa vida passa tão depressa? Por que o "passarim" voa e não pousa um pouquinho? Por que o vento leva o "meu amor"? Por que o dia envelheceu? Por que a luz da manhã foi queimada pelo dia?
O "Passarim" a meu ver, é o que passa...passageiro...passa despercebido, de fininho.
São essas e outras perguntas que tocam nossas vidas. São elas que dão movimento a quem nós somos ou desejamos ser. E o sentido da vida se encaixa na busca por respostas para cada uma das perguntas que nos fazemos no decorrer da caminhada.
Eu sei que muitas vezes não temos tempo para escutarmos músicas na internet. Mas, eu peço que vejam esse vídeo para escutarem essa música, pelo menos uma vez. Ela é linda e muda nosso dia. Eu não consigo escutá-la apenas uma vez.
Passarim
Tom Jobim
Composição: Antonio Carlos Jobim / Paulo Jobim
[Capa do CD Passarim, 1999]
Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro partiu mas não pegou
Passarinho, me conta, então me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Me diz o que eu faço da paixão?
Que me devora o coração..
Que me devora o coração..
Que me maltrata o coração..
Que me maltrata o coração..
E o mato que é bom, o fogo queimou
Cadê o fogo? A água apagou
E cadê a água? O boi bebeu
Cadê o amor? O gato comeu
E a cinza se espalhou
E a chuva carregou
Cadê meu amor que o vento levou?
(Passarim quis pousar, não deu, voou)
Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro feriu mas não matou
Passarinho, me conta, então me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Cadê meu amor, minha canção?
Que me alegrava o coração..
Que me alegrava o coração..
Que iluminava o coração..
Que iluminava a escuridão..
Cadê meu caminho? A água levou
Cadê meu rastro? A chuva apagou
E a minha casa? O rio carregou
E o meu amor me abandonou
Voou, voou, voou
Voou, voou, voou
E passou o tempo e o vento levou
Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro feriu mas não matou
Passarinho, me conta então, me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Cadê meu amor, minha canção?
Que me alegrava o coração..
Que me alegrava o coração..
Que iluminava o coração..
Que iluminava a escuridão..
E a luz da manhã? O dia queimou
Cadê o dia? Envelheceu
E a tarde caiu e o sol morreu
E de repente escureceu
E a lua, então, brilhou
Depois sumiu no breu
E ficou tão frio que amanheceu
(Passarim quis pousar, não deu, voou)
Passarim quis pousar não deu
Voou, voou, voou, voou, voou
O vídeo abaixo é um fragmento do último programa da série "A Música Segundo Tom Jobim", dirigida por Nelson Pereira dos Santos para a TV Manchete em 1984, o maestro mostrou uma canção àquela altura ainda inacabada, "Passarim". Achei esse vídeo bacana por que mostra o mestre apresentando sua obra inacabada. Depois, como podemos observar na última versão, a que viria a ser a definitiva da canção, ele mudou a ordem de alguns versos, dando ainda mais sonoridade à canção. Linda, Linda, Linda!