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Se os erros passados
te fazem presente
O mar por ti envolto
te acolhe e te chama de chão.
Um sopro púrpura de
vento te faz fôlego;
Em ti sou um erro, um
tormento, um tornado, um vulcão.
E, atormentado pelo
que te fere, a adaga dos erros passados transpassa o coração
que pulsava já sem vida, sem cor.
Há o amor em ti vívido.
Em mim, ferido. Não há mais canção para compor.
E, como os pássaros
que mergulham em um céu anil infinito, mergulho em teus braços de fel e compaixão.
Me faço ausente de mim mesma e sinto aromas antigos. A dor do que se foi em minha alma faz abrigo.
E deixo escapar
lágrimas que queimam uma fronte estampada em memórias impressas em tons de aquarela de um pintor qualquer.
Na boca não há
sorrisos. Os dentes escondem-se tímidos, limitam-se à mastigação.
Engulo um coração com
gosto de fígado. Perco meu fígado num mar de imensidão de pulsar.
Pulso por respirar.
Subindo à tona de algo que já não mais existe, recupero o ar em um sopro
escuro de luz.
Há um ar vazio que
preenche as almas que amam. As almas cheias de um amor vão, as almas pesadas
pelo destino do incansável amar.
Busquei estrelas no
fundo do mar dos teus olhos. Cavalos marinhos guardavam-nas perdidas em corais.
As lágrimas oceanaram o teu ser. Em mim, a dor. Em meu peito, o amor de algo
que nunca foi meu.
Quem sabe o destino
daqueles que amam seja, decerto, um nada. Sempre em frente, mas um nada. Nada!
Continuo a nadar afogada em memórias, tenho teu hálito para respirar.
Quem sabe há vida na superfície?
Quem sabe a vida me deixe flutuar? Quem sabe há potinhos de candura do lado de
lá e os erros presentes já não se fazem passado?
Um sopro...um sopro
púrpura...
Continuo a nadar no céu e, de olhos fechados,
oceanar...