Estávamos
quase de mãos dadas, estudando com o olhar os carros que formavam uma nuvem de
fumaça, analisando o labirinto de rodas de borracha negra como a noite que caía
sobre nossos ombros soltos na pista. Foi quando o vi. Seus olhos descompassados
clareavam seu rosto pálido que ocupava um lugar quase inexistente dentro de seu
veículo cobre. Por um momento as mãos não se encontravam. A mão que me afaga
diariamente foi na frente, abrindo caminho por entre os automóveis que
insistiam em ocupar a pista que atravessaríamos naquela hora. E eu fiquei ali,
imóvel, no canteiro central. Aqueles olhos hipnóticos entoavam canções que
venciam buzinas e luzes e céus que escureciam sobre nossas cabeças cansadas.
Misto de desespero, desejo e vontade. Quis estar ali dentro, ali ao lado. Quis
ser mais mulher ao lado daquele homem de olhos de mar. O sinal já não mais
orquestrava a fila de motoristas impacientes e bocas nervosas gritavam na
esperança de fazer o trânsito seguir seu caminho. O trânsito seguiu. Ele seguiu. E eu fiquei
ali, imóvel. Ouvi gritos das mãos que me cuidam gesticulando sinais nervosos.
Voltei a uma realidade que não pensei viver. Esperei o maestro rubro parar
novamente os automóveis. Atravessei a rua. E a vida que poderia ter sido,
seguiu sem mim, para uma pausa breve em outro semáforo qualquer.
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
Rajás
Raja Ravi Varma oil painting. |
A espada enferrujada disputa espaço com adagas de uma rani qualquer
A beleza que sopra o tempo já não se esconde do sol
E a noite que adormece embalada por uma canção antiga
Desperta os anjos que dançam valsas raras no céu
A vida passa como olhos que piscam para a luz
O que é meu pertence ao espaço que não mais habitarei
Há um fim desde o começo
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Casual
Hessam Abrishami, Closer Hearts |
quinta-feira, 25 de julho de 2013
quarta-feira, 24 de julho de 2013
Abnegação
Sad Girl |
O que era doce azedou
O que era vida esmoreceu
E assim se segue um tempo que não volta
Um tempo que nunca foi
Lágrimas temperadas de desamor
Um vão de coisas ditas em um não
Um universo de pecados elaborados por ti
Uma saga
Um fim
Carolina Morais
Fim
Souvenir of Sadness by Glenn Barr |
Disseram-me com ares de amargura, em meu ouvido: "é que o mundo que se acaba lá fora, na verdade é o que se quebra dentro de ti"
O sol não tem mais brilho e a ampulheta da vida segue triste por perder seus grãos, um a um. Que toda a tristeza dessa dor vire sonho. E que todo o sonho vire ideia dentro de uma nuvem qualquer. Morri por dentro. Os pássaros não cantam mais. A vida é dissabor. Meu coração, petrificado, virou rocha empoeirada e rachada por tuas palavras que me queimaram a alma. O que antes, dentro de mim era amor, é agora um vulto. Dentro de mim,bem no fundo, vejo e descasco ramos secos. O que restou? -Dor.
O sol não tem mais brilho e a ampulheta da vida segue triste por perder seus grãos, um a um. Que toda a tristeza dessa dor vire sonho. E que todo o sonho vire ideia dentro de uma nuvem qualquer. Morri por dentro. Os pássaros não cantam mais. A vida é dissabor. Meu coração, petrificado, virou rocha empoeirada e rachada por tuas palavras que me queimaram a alma. O que antes, dentro de mim era amor, é agora um vulto. Dentro de mim,bem no fundo, vejo e descasco ramos secos. O que restou? -Dor.
Carolina Morais
sábado, 20 de julho de 2013
Para Refletir:
Eu sou uma pessoa que está sempre em movimento. Eu topo muita coisa e adoro aprender coisas novas. Eu adoro planejar e realizar. Porém, aprendo, a cada dia que passa, que é praticamente impossível abraçar o mundo. Melhor abraçar as pessoas, isso sim vale muito mais a pena. Sou metódica demais, e não sei até que ponto isso pode ser bom ou ruim na minha vida. Mas, é preciso ter os dois pés no chão e realizar coisas menores, que, juntas, serão maiores. Essa deve ser a ideia de conjunto, esse deve ser o crescimento que busco para mim. Refletindo, vi que a gente busca mergulhar em águas muito profundas com pouco fôlego. Na ânsia de fazer dar certo,tentamos colocar todo o ar que podemos dentro dos pulmões e mergulhar. Mal sabemos nós que o melhor seria colocar uma quantidade suficiente de ar nos pulmões e mergulhar. Aos poucos exploraríamos o oceano, sem pressa, sem pressão. E cada visita ao fundo do mar seria uma nova descoberta. Cada dia é um início, é uma vida que nasce. Tenho que tentar ser assim e é isso que desejo para todos vocês que, de certa forma são parecidos comigo. É preciso ter foco antes de se ter força, pois de nada adianta chegar a algum lugar onde não se sabe para onde se está indo. Um sábado iluminadíssimo para todos vocês!
sexta-feira, 19 de julho de 2013
A ver
Morning Sun, Edward Hopper |
mas o tempo me parou
o sorriso virou céu
a vida choveu um mar de razões
A felicidade é maior do que pensamos
a vida é maior que os passos que damos nesse chão
somos do tamanho das nossas ideias
Há um sol
Há um céu
Há um chão
.
.
.
E isso me basta
Carolina Morais
quinta-feira, 18 de julho de 2013
Fôlego
Teus olhos
do outro lado
de uma vida
de um tempo
de um todo
fechados
Em meio ao breu
avisto
estrelas solitárias
de súbito
sinto
brilhinhos repletos de cor
repleto de azuis
Aguardo
o dia do reencontro
Suspiro
um verde guardado dentro de ti
Unhas
roídas por meus dentes afiados
Arranham a colcha dobrada
Deito-me em um mar
de preguiça
de frio
de amor
Respiro
então
um ar de melancolia
Inspiro
(ou não)
palavras que bailam no vão de meus desejos infantis
Quem contará os minutos
das horas que passarás dentro de mim?
do outro lado
Frederick Leighton, Flaming June. |
de um tempo
de um todo
fechados
Em meio ao breu
avisto
estrelas solitárias
de súbito
sinto
brilhinhos repletos de cor
repleto de azuis
Aguardo
o dia do reencontro
Suspiro
um verde guardado dentro de ti
Unhas
roídas por meus dentes afiados
Arranham a colcha dobrada
Deito-me em um mar
de preguiça
de frio
de amor
Respiro
então
um ar de melancolia
Inspiro
(ou não)
palavras que bailam no vão de meus desejos infantis
Quem contará os minutos
das horas que passarás dentro de mim?
Carolina Morais
terça-feira, 14 de maio de 2013
Inércias
Kennedy,Kasi. Changing Woman.http://fineartamerica.com/featured/ changing-woman-kasi-kennedy.html |
Carolina Morais
O texto nasceu após a leitura de um texto belíssimo da amiga Ana Valeska. "Furacaneei"
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
Breu
http://publiartesjhon.blogspot.com.br/2012/05/pinturas-bellas-al-oleo.html |
Pintei amarelos que iluminaram tua porta quebrada
Cuspi um verde que transformara tua angústia em dor
Caí, sorri. Chorei ao som do púrpura opaco dos teus olhos
e celebrei a vida com um branco de ausências;
Flexionei os joelhos sobre um vermelho de cristais prateados
e inundei as narinas de um cinza que aos poucos perdia a cor
Dormi um sono de um rosa cansado
e adormeci no breu de uma morte tão negra quanto o nada que existia dentro de ti.
Carolina Morais
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