Ninguém nasce preparado para o amor e, decerto precisamos
de anos para aprender a amar. Amar deve ser como tocar violão, ou pintar um
quadro. Nem sempre se precisa de talento, aprendemos com os erros e, mesmo com
as mãos calejadas de tanto tentar, sentimos um prazer imenso no momento em que
realizamos o amor.
Mas, amar, nem de longe é tocar violino, ou flauta doce, ou
reproduzir as maravilhosas obras impressionistas do século XIX. Amar deve ser
mais que isso. Amar deve ser novela. A
gente passa muitos meses enganando a nós mesmos, acreditando num amor que agente nem sabe se existe do lado de lá.
Quantos de nós já vivemos sufocados em um relacionamento estável? Ora, estável,
estável mesmo, desejo que seja a conexão com a minha internet e só. Quem deseja
estabilidade não deseja o amor. Quem deseja um amor verdadeiro sofre da sede de
se aventurar. Quem ama lembra, a cada segundo, da efemeridade da vida e tem
medo de perder a pessoa amada. Seja para outro coração que anseia amar tanto
quanto o nosso, seja para um vento forte ao meio-dia que a gente acha que vai
levar o nosso amor embora e nunca mais vai trazê-lo de volta!
Quem ama sente a necessidade constante de dizer que está
amando e acha que um dia é uma semana e que uma semana é um mês. Deve ser por
isso que as horas viram dias e, desligar o telefone na hora da despedida deve
ser tão difícil e ainda embebido em sofrimento neurótico e patético: "-será
que ele(a) vai me amar amanhã?”
Quem ama de verdade é bobo. Quem ama de verdade sente ciúmes,
por que, na verdade, quem ama de verdade sofre da síndrome do
eu-única-pessoa-no-mundo. Bom mesmo é nunca ter amado. Quem nunca amou nunca
foi dormir chorando, nem acordou com os olhos inchados na manhã seguinte. Quem
nunca amou sempre fez tudo o que queria.
Nunca precisou de aprovação para nada e nunca se importou em agradar alguém que
não fosse seus pais ou seus amigos. Talvez seja melhor não amar. Quem não ama
não dorme sem conforto. Melhor ocupar uma cama do que dividi-la com outro
alguém que anseia passar a noite a trocar carícias e juras com você. Ou alguém que ronca, desculpa clássica dos
autossuficientes que se orgulham por não terem um amor.
Talvez amar seja um dom universal inerente ao ser humano.
Há aqueles que preferem não amar e vivem agarrados à uma boia em meio à
tempestade das paixões espalhadas pelo
universo, mas sempre haverá aqueles que aprendem a mergulhar, aqueles cujo
pulmão cabe mais ar do que em uma latinha de refrigerante, e que acham que um
simples beijo é a cura para todos os males do planeta.
Ah, o amor! Melhor não arriscar, afinal, tem gente que diz
que prefere viver sua vida a sobreviver das migalhas de amor de outrem.
Though My Heart Is Torn © 2011 Karen Mathison Schmidt 5 x 7 inches • oil on museum quality, archival Gessobord |
Um comentário:
Lindo texto Carol! :)
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