A noite vazia derrama pensamentos vãos em meu colchão.
Vai-se embora o vento frio do fim-de-noite e tudo estremece.
Pelo grito abafado de uma múmia velha e oca
Minha paz interior sussura para mim:
"Quer chá?"
Assombro-me com meus pensamentos (doidos?)
e amasso cogumelos no chão do quarto escuro.
Ao longe vejo o correr da pena ainda quente e
vagarosamente
gotículas de tinta borram todo o escrito de uma noite inteira.
Ouço pássaros em minha janela e
acho que está amanhecendo algum dia por aí,
mas estou cansada demais para abrir as cortinas por trás das vidraças sujas.
Limpo os farelos de biscoito e de bolo de limão
Estou agora pequena demais e não paro de cair
cair
cair
Carolina Morais