terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Dos temperos e escritas

Fonte da imagem: www.plantasonya.com.br
Sim, estou prestes a  graduar-me em Letras e ainda guardo dentro de mim dúvidas como "a palavra Coentro escreve-se com 'o' ou com 'u' ?" Dentro dessa mente doida, guardei o Coriandrum sativum, o nome científico, que me faz ter a certeza do Coentro com "o", mas sempre tenho dúvidas que carcomem minha alma fraca. Cuentro, Coentro...
Poderia ser opcional!
De qualquer forma, não gosto deste tempero em minha comida.

Carolina Morais

domingo, 23 de janeiro de 2011

Nostalgia

Senti uma saudade do que ainda nem veio
E o disco arranhado na vitrola teimava um acorde só.

A vovó fazendo um bolo, o avental sujo de farinha
O cheirinho de fermento e ovo batido vindos da cozinha.

O cheirinho do café que nem tomo ainda
Um sentimento bom dentro do meu peito ilhado.

Uma chuva fininha caindo devagar, sem pressa
E um mormaço que, sem dúvidas, me deixará gripada.

Dalva de Oliveira tocando ao fundo
E a cadelinha, ainda filhote, discutia com gatos em muros altos.

O vovô chupando um pirulito que a netinha deu encondida
E ajeitando o jornal em camadas perfeitas.

Um corredor que traduzia intensidade
E uma saudade que bate num peito só.

Carolina Morais

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Sobre "Sobre a Superficialidade Humana"

Querid@s,
Old Man in Sorrow (On the Threshold of Eternity), 1890, Vincent van Gogh
Nunca imaginei que uma postagem iria " render" tanto! Além dos comentários lindos de pessoas mais lindas ainda, recebi e-mails, recadinhos em redes sociais e até telefonemas!
Fiquei bastante feliz em ver o quanto essa postagem repercutiu e como fez diferença na vida de leitores. Expressei o que sentia, foi um desabafo. Foi gratificante ver que o desabafo, no final das contas não era apenas meu!

Meus amados, é assim mesmo. A gente só passa a entender o verdadeiro significado da vida após algum tempo (e eu confesso que ainda estou esperando pacientemente por esse dia, pois ainda não entendi nada sobre a danada!). Uma coisa é certa: não julgueis para não serdes julgado.  

[Não julgueis, pois, para não serdes julgados; porque com o juízo que julgardes os outros, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão também a vós. (Mateus, VII: 1-2)]

Essa tarefa é, de todo, extremamente difícil. Aprendi isso com a minha mãe e, toda vez que começo a julgar alguém, repito essa frase quase em voz alta para mim mesma e tento ficar bem calada. De todos os defeitos que vemos no outro, tenha certeza de que o pior deles está em nossos olhos, muitas vezes imundos!

Já me magoei muito por ver pessoas apontarem meus defeitos, em proporções colossais. Meus defeitos são os piores possíveis. Assim como os seus e os deles e delas. A verdade é que todos nós temos defeitos. A melhor das qualidades é saber como lidar com os defeitos que não vêm de você.

Mas, isso é tão batido.Não vale a pena escrever (ou ler) sobre defeitos. Ainda tenho muito o que aprender sobre tudo isso. Eu apenas gostaria de compartilhar minha alegria devido à repercussão da postagem.

E, um aviso: vou continuar escrevendo sobre um pouquinho de tudo, principalmente se eu quiser desabafar. Vocês são a minha melhor terapia e as pessoas mais verdadeiras. Meu diário com voz, que me responde, opina e briga quando preciso!

Um cheirinho e um polenguinho.
Carolina Morais

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Cotidiano

Um dia a moça acordou cansada
A noite fora longa. O moço, sem nome, sem identidade. Os dois ali na cama.
E o vento que soprava lento parou. E o tempo que corria andou.
E o dia morreu. E o amanhã surgiu mais uma vez para a moça cansada.

Carolina Morais

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Sobre a superficialidade humana

Fiz um intercâmbio. Passei 6 meses na "terra do tio Sam". Foi incrível. Conheci 5 estados, provei muitas bebidas diferentes, provei muita comida diferente (lá não tem apenas fast-food não, ein! rs), Conheci novos ares, fiz muitos amigos...

Regressei à minha terra: ao Ceará, no Brasil. Estava com saudades da minha família, do meu namorado e dos meus amigos mais queridos. Estava com saudades da comidinha daqui, e, até do "ar quente" senti saudades.

Quando voltei, foi muito bom rever a família e os amigos. Sentir o calor dos braços dos meus pais, a amizade incondicional da minha irmã, o beijo apaixonado do meu namorado e os ombros de meus sempre amigos.

Durante toda a minha vida eu enfrentei problemas com a balança. E sempre foi muito sério. Apesar de nunca ter sido "gorda", sempre muito cheinha. E demorava muito para me aceitar. Foi então que encabecei uma reeducação alimentar fabulosa, deixei de me preocupar tanto com a balança e, com 1,60 de altura e metabolismo lento, cheguei aos 53kgs. Sim, fiquei bem magra. Até demais. Acredito que isso tenha sido muito válido para o Ballet, que faço há 4 anos.

Bom, nos três/quatro primeiros meses que passei em terras norte-americanas, fiz ballet e academia. Academia todos os dias e ballet uma vez por semana. Foi tão divertido. Após algum tempo, o outono chegou, as folhas começaram a mudar de cor, eu e minha sempre amiga Camila começamos a viajar EUA afora...Bem...relaxei. Deixei de me preocupar tanto com a alimentação e com os exercícios. Se bem que a minha alimentação nunca chegaria aos pés da minha alimentação aqui no meu país: não comia fast food por lá(sim!-não gosto de hambúrguer, não tomo refrigerante e sou alérgica a maionese), mas as comidas todas possuem muitos conservantes, enfim...frutas frescas e tapioca, só aqui no nordeste, meu bem!

O esperado aconteceu. Engordei. E ganhei mais de 9kgs! Se eu era bochechudinha, imagine agora! rsrs Um ponto positivo disso é que não atingi sobrepeso e os quilinhos foram bem distribuídos pelo corpo todo (acho que as bochechinhas foram campeãs, rs).

Todos que me conhecem já sabiam da Carol gordinha. Fato. Eu até ensaiei ficar mal por conta do peso. Não consegui. O que vi e vivi por seis meses valiam até 10kg a mais na minha balança.

Hoje, algo me fez refletir muito sobre a superficialidade humana. Algo me fez refletir sobre um padrão inventado pela sociedade que, até eu mesma continuo seguindo. Um padrão que me faz dizer que estou gorda agora. Um padrão que diz que foi errado eu estar hoje com 10kgs a mais.

Chegando ao local onde trabalho, na Universidade onde estudo, fui muito bem recebida por todos os meus colegas. Principalmente meus colegas com quem trabalho há mais de 2 anos. É muito bom ser recebida de braços abertos e ver que há pessoas que torcem pelo seu sucesso. Hoje, bem hoje mesmo, fui a outro laboratório onde também trabalho e desenvolvo projetos. Encontrei uma das coordenadoras pelo corredor e recebi um abraço mais que caloroso. Recebi boas-vindas de outra colega e de um colega também.

A minha surpresa veio ao entrar na sala do projeto. Revi pessoas. Uma dessas pessoas, imediatamente olhou para mim, riu e falou, educadamente : "Posso falar algo, você não me leva a mal?" E eu, já sabendo do que se tratava ao ver a admiração desta colega, respondi: "Claro, diga." Esta colega então falou: "Tu tava amarrada lá? " Sim, no começo demorei um pouco para entender. Nunca utilizei esta expressão, mas, do jeito que a mesma me sondou "dos pés à cabeça", soube logo que se tratava da minha "engordadela". No ato já disse: "Ah, você quer dizer que eu engordei? Bom, se for isso, sim! E foram mais de 8kgs, acredita?". Minha colega aparentou um certo constrangimento. E eu sorri de orelha a orelha.

Sim, eu entendo perfeitamente o comentário dela. Não me incomodo. Porém, confesso que esperava um abraço, um caloroso "seja bem-vinda de volta", "como foi a experiência?", "o que você aprendeu por lá?". Mas, infelizmente não foi isso que escutei. Dela apenas.

Esse pequeno acontecimento reflete muito a superficialidade humana. Não que esta minha colega seja superficial. Muito pelo contrário, essa minha colega é competente e muito simpática. O que ocorre é que a sociedade incute dentro de nós um padrão que não existe. O excesso de peso ou a falta dele podem indicar um problema sério. Quando o assunto é saúde a coisa muda de figura. Para mim, a beleza sempre virá da alma da pessoa e da personalidade que ela desenha ao redor do mundo.

Tive de viver fora por seis meses para aprender isso. E hoje vejo o mundo com outros olhos: com os olhos da alma. Isso também não significa que eu me descuide de tudo. Já voltei a fazer academia, pois cuido da minha saúde e voltei a comer o que comia usualmente, antes de viajar. (E, acreditem, um quilo já se foi...deve ter sido o calor de Fortaleza! rs)

É, meus queridos leitores. Uma visão de mundo diferente não se compra. Adquire-se quando nós resolvemos olhar o mundo e as pessoas com outros olhos. Com olhos amadurecidos e embebidos...em personalidade própria.
Eu e meus "quilinhos a mais",
em Lake Tahoe-Nevada,EUA.

Carolina Morais

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Avassaladora como a noite
Ela chegou e sorriu para o tempo
A vida que corre lá fora é mais colorida
e mais viva do que aqui dentro do quarto

Carolina Morais

sábado, 1 de janeiro de 2011

Calendarístico

Se eu fizesse um balanço do meu ano passado, minha balança ficaria, sem dúvida nenhuma, desequilibrada.
Foram muitas alegrias e tristezas, mas as alegrias se sobrepõem às tristezas que senti e vivi no ano de 2010.

Na verdade, a contagem dos dias e dos anos é calendarístico (palavra que, ao pesquisar na rede após ter dúvidas se era um neologismo ou não, achei que alguém, em espanhol, já havia inventado a tal palavra). O que fazemos, então, é viver em função dos dias,das horas e de um relógio que insiste em ficar contra todos nós. Sejam pelas horas que passam se arrastando, sejam pelas horas que passam ligeiras demais.

Meu ano passado foi, de uma forma, somente meu. Eu recriei uma menina dentro de mim, e essa menina acordou de todos os seus sonhos e decidiu escrever. Acordada, viu que ainda havia sonhos azuis para sonhar, então, ela fechou os olhos e selecionou a nuvem mais alta do céu mais azul, mais aberto. Encontrou uma sereia que a guiou e que a leu. E gostou, e falou. E a sereia tomou seu coração de fada. E assim nasceu uma relação de fábulas reais. Dentro de seus sonhos, essa menina sabia atuar e dentro de si sentiu pulsar sentimentos que ela vira em um teatro da vida. De uma maneira ou de outra, a outra menina, dona de um teatro  me ensinou a ser bipolar e a ver que o mundo pode ser laranja e azul.

De tudo, essa menina dentro de mim descobriu uma amizade verdadeira, sincera e  feliz. Nunca viu seu anjinho, dono de aspas mágicas, pessoalmente. Mas sempre expressa entre aspas sentimentos verdadeiros. É amizade, é amizade.

Essa menina escreveu e leu. Pegou a cadeira e sentou. E sentiu. E ainda hoje escreve com sabores de um tal poeta.
Um Machado de Carlos apareceu. E a leu. E ela o leu. E gostou. E viu que havia um soneto para chamar de preferido. No meio de tantas Transfusões, encontrou cep. próprio e o que veio de um amizade de faculdade, fez-se também uma troca de escritos na rede.

Depois de tantos dias genéricos que se passaram como nuvens em seu relógio, a menina Desmondier criou identidade e marca. E cresceu.
Nesse caminho, novos amigos. Escritos que a encantaram. Encantaram a menina dentro de mim. Alguns Devaneios de uma moça bonita. E algum lugar ao sol, perto do vento que alegrou vários dos meus dias. Uma pérola marinha veio para o meu mar e me deu conselhos, alegrias e inspiração. E, de tanto inspirar-poesia a menina descobriu que Desmondier já é parte de sua vida. Minicontos também a fizeram despertar e fizeram com que a menina dentro de mim escrevesse mais prosa.

De tudo que já passei por aqui, no Desmondier é parte de todos os meus queridos e queridas que seguem, lêem, comentam e fazem parte da minha vida. Sem vocês a blogosfera não seria a mesma. Obrigada por me tornarem um ser adito nesse mundo e em tudo que ele envolve.

Eu não poderia ter presente melhor do que a amizade de todos os blogueiros que estão comigo desde que iniciei a caminhada e dos blogueiros que vou raptando no caminho, guardando todos em meu coração. Passo meu aniversário hoje longe da família, dos amigos e do namorado. Mas sinto vocês sempre pertinho de mim!

Um Feliz 2011!