domingo, 22 de maio de 2011

Bom Dia

Fecha os olhos e abra a janela
O sol vem beijar-te a boca.
O tempo escancara um sorriso e diz:
"A gente nasceu para ser feliz."

Carolina Morais

sábado, 14 de maio de 2011

Teia Viva

Edward Hopper. Compartimento C, Vagão - 1938 Óleo sobre tela
50,8 x 45,7 cm
  
Encontro-me submersa em uma teia de memórias vivas. O espaço de tempo em que minha vida afoga-se em acontecimentos inesquecíveis finda-se a cada amanhecer. Sou um baú de esperança que insiste em esquecer amarras, cadeados e chaves francesas. Sou bicho-do-mato, sou borboleta despertando para uma vida breve de um dia. Tudo isso é pensado, calculado e fracionado em apenas três segundos de uma inspiração que não irá encher de ar meus pulmões cansados.Sou uma fera bonita, cheia de ideias. Sou sino tocando antes da missa, sou culto perdido no monte Tibet. Sou fada afilhada. Sou, acima de tudo, mulher.

Carolina Morais

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Acontecer

Edgar Degas. After the Bath (woman Drying herself) 1896
Philadelphia Museum of Art

     Tirei as sandálias de borracha e calcei dois invólucros de ar nos pés cansados. Hoje eu olhei no espelho uma moça que há tempos não vira. Não reconheci as feições cansadas, não reconheci as minhas próprias feições. Não vira mais sorrisos durante o que chamo de semana.
     O trabalho e os compromissos me consomem muito. O tempo acaba por carcomer essa agremiação de pele jovem aos poucos ou rapidamente, nem sei mais. Só sei que gradativamente meu corpo se encontra diluído em uma composição química irreversível. Envelheço e busco a harmonia de palavras doidas e cansadas. Mascaro-me em fotos que fingem felicidade e uma calmaria que não é tipicamente minha. Sou cidade, não sou serra. Demorei para acontecer e, quando aconteci, perdi meus feitos nessa vida de outrem que insiste em cutucar-me com uma varinha de melado de cana.
     Quero acordar de um sono profundo que há tempos não tenho. Quero pisar no chão gelado da sala-de-estar, pegar uma caneca de leite quente e me debruçar sobre um livro para chamar de meu.
     O tempo passa e arrasta as poucas coisas que eu nunca terminei de construir. Hoje sou eu sozinha nessa imensidão de pensamentos refletidos em palavras. Sou texto completo de um capítulo inacabado, tudo dentro de um livro virgem, totalmente sem páginas.

Carolina Morais

terça-feira, 10 de maio de 2011

Medo

Mais do que ouvira falar no corredor da escola
Ensino que me direcionaria a níveis maiores que o próprio pensar
Doar o saber, sangrar lágrimas de desespero
Ostentar uma bandeira de insegurança no peito nu.

  Esqueceram que o homem é o maior dos patrimônios.

Max Beckmann's. "The Night"
Carolina Morais

domingo, 8 de maio de 2011

Mãe Primavera


Salvador Dali. Meditative Rose, 1958





Minha mãe é uma rosa com seios: 
afaga dores e faz brotar amores.

Carolina Morais

terça-feira, 3 de maio de 2011

Entre a dor e a solidão

Edgar Degas, Senhora Valpiçon e Crisântemos, 1865
Prefiro a dor à solidão.
Sou imediatista e inquieta.
Sou mulher de assuntos largos 
pontuo um final em cada sentença.
Não sou muda e gesticulo.
Procuro, entre vales o perigo.

A dor dói em muitos lugares. 
Dói bastante e incomoda.
A solidão, além de incomodar, dói!
(Acolá são gritos de dor ou de solidão?) 
O solitário não grita,chora.

A dor pode doer por dentro ou por fora,
sozinha ou não.
Para a solidão já não tenho tanta escolha. 
Sinto o incômodo sem mais alguém. 
Não há testemunhas para minha dor, 
não há médicos ou enfermeiros, 
socorristas ou curandeiros.

A solidão é ruim, mas fica para sempre.
A dor, muitas vezes é insuportável, mas vai embora.
Sempre vai embora.
Sempre.

Carolina Morais

domingo, 1 de maio de 2011

2 Anos

Romero Britto. First Love,2008.

A menina aceitou o convite do rapaz que há tempos não vira.
Ele a buscou em casa, saíram para dançar. Tudo parecia igual a tudo ao que ela estava acostumada. Não se envolver parecia certo. Tomaram um chopp, dois. Ao som de rock bom eles dançaram por toda a noite. Um beijo selou um encontro sem planos. A partir daquele momento o destino parecia sorrir para eles. Era um  gostar, um precisar, um querer, um sentir e, por fim, um amar. E, durante tanto tempo um amor que se solidifica e cresce. Um amor diferente. Um amor juvenil, mas verdadeiro e experiente. Simplesmente amor que vem de dentro deles.

Carolina Morais