terça-feira, 26 de julho de 2011

O "ser" professor

Hoje recebi uma surpresa tão recheada de candura que fiquei emocionada! Minha querida amiga Ana Valeska Maia (autora do livro Tessituras- livro lido pela Mia!) presenteou-me com um texto verdadeiro sobre o professor. Como professores, muitos de nós sabemos como essa profissão, além de desafiadora e imersa em responsabilidades, é também divertida e prazerosa. Vale a pena a reflexão feita por Ana em seu blog O ser em Movimento, o qual também recomendo!
Jean-  Baptiste Simeon, The Teacher 1699- 1779 France, Rococo.
        Sempre vale a pena citar Carlos Drummond de Andrade:


O professor disserta sobre ponto difícil do programa.
Um aluno dorme, Cansado das canseiras desta vida.
O professor vai sacudi-lo?Vai repreendê-lo?
Não.O professor baixa a voz,
Com medo de acordá-lo.

domingo, 3 de julho de 2011

Fim de Tarde

     Inúmeras faces perdidas na pequena imensidão de terra veneziana. Vestidos, luvas e bengalas disfarçadas de mastros-de-auxílio nas mãos calejadas de senhores altos e ossudos. Cenhos franzidos e bocas abertas consoantes a olhos semicerrados de enrugadas pálpebras cansadas. O sol pulsava fraco, e pulsava ritmado a baladas de fim-de-tarde. Tudo é porto em Veneza!
     Gôndolas sobrecarregadas de tecidos a se queixarem do calor, navegam dançantes pelos canais estreitos da lagoa. Gondoleiros entoam canções desconhecidas e tristes (por serem desconhecidas).    
     Há um pequeno caos em cada canto de gota salgada. Crianças gritam e choram, e choram e pedem doces. Máscaras penduradas em barraquinhas ao longo da solitária Piazza San Marco, dominada por pombos de todas as cores em tons pasteis.
Canaletto (Giovanni Antonio Canal):
"The Regatta seen from Ca Foscari", 1727 , London, National Gallery
 
     Uma moça de chapéu, atraída pelo aroma doce do café amargo italiano decide entrar no Gran Caffé Quadri. Senta-se e pede um cappuccino. Um belo moço de nariz afilado, ao ver a moça sozinha pensa o que seria de seu dia após um beijo ou dois. Fecha os olhos e toma um gole de sua água com gás, desfazendo-se de pensamentos tolos à luz do dia. Uma chuva fina banha Burano e molha as finas rendas locais. As gôndolas retornam e as pessoas embarcam em trens confusos. A praça ganha espaço e os pombos retornam aos seus ninhos em ilhas vizinhas.
     À sombra da lua há calma, paz e um centímetro a mais de água na lagoa veneziana. A cidade dorme para acordar no dia seguinte.


Carolina Morais