segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Fragmentos

         

Saltimbanque, de Paul Ruiz.
http://www.paulwruiz.com/selected-paintings/2008-saltimbanque
          Cansar é humano. Admitir que cansou é mais humano ainda. Às vezes, parece assustador admitir que a gente já está cansado. Às vezes, a vida da gente, do nosso ponto de vista peculiar, pessimista e psicótico, congela. Parece que nós não saímos do lugar, estagnamos em uma fase mal-definida e sombria. Mas, grandes mudanças são silenciosas. A terra gira em torno do sol e mal percebemos isso. Ela gira em torno dela mesma e também não conseguimos perceber. Tudo o que vimos são noites que se tornam dias e dias que se tornam noites. E,assim, reduzimos a mecânica de nossa vida a algo efêmero demais para ser mensurado. Sentimos os golpes de completa pequenez que atingem nosso ego de vez em quando. 
          Estamos cansados. Na realidade, cansamos de tentar, mas sempre tentamos até nos cansarmos. Fica difícil saber até que ponto aguentamos, pois, a cada nova tentativa, ficamos mais fortes, mais resistentes. Demoramos mais tempo para que o cansaço tome-nos por completo.
          Talvez o sentido da vida seja tomar fragmentos de pequenos goles de coragem repletos de fôlego. A cada gole, uma nova chance, a cada nova chance, uma visão menos cansada de nós mesmos. A gente cansa, de verdade. O cansaço é uma desistência provisória livre de julgamentos. Cansar é sempre melhor do que desistir.


Carolina Morais


         

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