quinta-feira, 9 de junho de 2011

O livro de Mia

Mia acordou cedo, fez café forte e esquentou o pão no forninho elétrico. Cortou pedaços de maçã como quem corta tomate; com calma e destreza. Misturou banana amassada e uns poucos pedaços de melão com suco de laraja e mel em uma taça de vinho grande e comeu com a graciosidade de uma garota propaganda de condicionador ao sorrir contra o vento.
Capa do livro Tessituras em contos, crônicas, poesias e imagens.  
Ana Valeska Maia, Marcia Sucupira e Maíra Ortins. 
Expressão gráfica editora, 2010.
O pão estava no ponto. A faca deslizava no pote de requeijão light e corria sobre o carioquinha disforme. O cheiro era arrebatador, assim como o cheirinho do café vindo do móvel que ficava ao lado da geladeira; a cafeiteira anunciava as últimas gotas a cair no copo acrílico transparente. Pacientemente, Mia olhava cada gotinha que se despedia do copo superior da maquininha de fazer café. A mocinha então,esperou que todas elas se transferissem para o copo inferior, que já colecionava gotinhas por 5 minutos. Colocou o café em uma xícara azul-bebê, estampada com rosinhas amarelas. O pires, verde-limão, dava um ar descontraído ao café de todos os dias na casa de bonecas de Mia. Ela pegou o pão e o café e foi para a varanda. Buscou o livro e se sentou na cadeira de palha cor-de-rosa.Colocou o café na mesinha ao lado da cadeira e o pão ficou ali, geometricamente enquadrado em sua pequenina mão esquerda, envolto por um guardanapo lilás e branco. Mia repousou os pés no parapeito da varanda e sentiu a brisa fria das 6 da manhã percorrer seus dedos dos pés. Comeu um pedaço do pão, dois, três. O café estava quente demais e o vento gelado o esfriava sem pressa, soprando as beiradas da xícara cheia de líquido negro. Ela sentiu uma calma de parar o tempo. Pegou o livro novo com a mão direita. Olhou a imagem da capa: uma garota de sobrancelhas grossas e olhar fixo, com o corpo imerso em um mar absolutamente azul. Ficou ali a admirar a capa por minutos longos. O pão tornara-se migalhas no colo de Mia e um pássaro curioso pousou em sua coxa esquerda, comendo os restinhos do alimento da manhã. Mia achou aquilo lindo. Limpou a mão no guardanapo e tomou um gole do café; ainda quente demais para descer pela garganta seca. Abriu o livro e se deliciou com poesia pura. Quando a poesia teve fim, começaram os contos, as crônicas e as imagens. Mia adormeceu na varanda e sonhou com a certeza de que naquele momento, tinha um livro para "chamar de seu". O dia raiou enquanto o café frio refletia o sol quente e o ar úmido do dia seguinte.



Carolina Morais

13 comentários:

Leonard M. Capibaribe disse...

Lindo! Muito lindo mesmo! Parabéns! O texto esta perfeito... Vim retribuir a visita ao meu blog e me deparei com esse incrível texto que você escreveu... Novamente, Parabéns!

Ana Valeska Maia disse...

Meu coração está aos papoucos de tanta emoção!

Lindo, Carol, lindo, lindo!

☆mnemosine☆ disse...

nossa Carol, passo uns dias(cara de pau) sem aparecer e tem tanta coisa boa....
olha vc é mesmo uma cronista, sabe detalhar apenas o poético, não o cansativo. Vc sabe colorir o que se pode ver, cheirar e sentir. Na dr ou na alegria, na saudade ou no amor, teus contos são maravilhas que a gente abraça.
Vou ler mais, vou ler tudo...domani

♪ Sil disse...

Carol, metade adorada de mim!

ÔÔ minha flor, tanta saudade de você, desses contos lindos, de tudo que você posta. (Você sabe que sou sua fã).
E quando leio o que você me escreveu, pra variarrrrrrrrr, chorei feito criança, essa criança que em mim não morre nunca!!
Carolzinha, por isso que eu acredito na filosofia do kardecismo.
O que sinto por você, e todo esse sentimento reciproco que sentes por mim, só pode ser coisa de outras vidas mesmo.
A gente bate o olho numa pessoa, a conhece virtualmente, e é como se a gente já conhecesse de longa tada, porque passa a amar essa pessoa desde o primeiro dia!!!
Eu já disse várias vezes o tamanho do amor que tenho por ti!
Te admiro como pessoa, ser humano, aliás um ser humano que faz toda diferença no mundo!!!
Minha filhaaaa, minha amiga, uma metade mesmo de mim.
Eu te desejo tanto bem Carol!!!
Peço tanto a Deus que te cuide, te abençôe, ilumine, mais do que você já é!
Eu quero essa amizade comigo pro resto da minha vida.(VIDAS).
Você é muito, mas muitooooooooooooooooooooooo amada por mim!
Não esquece nunca disso!

Um beijoooooo menina tão linda!
Aqui frioooooo, chuva, eu no antibiótico com a garganta estrupiada!

Anônimo disse...

Que leveza, flor. Ficou lindo, gostoso de ler, bem a sua cara mesmo!

Beijo.

Maria Marluce disse...

O frio e o quente café rendendo um belo escrito.

Al Reiffer disse...

Teus textos são muito bem escritos, de uma leitura agradável e de substância. bjs

Machado de Carlos disse...

Um belo momento. Um momento sublime. Seguindo o exemplo do personagem devemos valorizar cada momento como este. É uma parte feliz da vida. A brisa chega e com ela revivemos todas as horas de alegria.
Belo texto! Parabéns!

Abraços!...

Liberdade. disse...

olá carol!

maravilhoso!

Fiquei a me imaginar,
como seria bom um momento
de tranquilidade,já que
sou tão agitada,quero fazer
tudo ao mesmo,quero sempre
esticar o tempo.

um abração!

vitalina de assis disse...

Hola amiga!

Belíssimo texto!

Parabéns pelo blog! Tenha uma excelente semana.

Bjs.

Nilson Barcelli disse...

Magnífico quadro.
Pelo teu texto, até eu fazia o filme. Porque a tua narrativa tem imagens (ainda que induzidas) que o leitor vai vizualizando à medida que lê.
Muito bom, gostei.
Minha amiga Carol, desejo-te uma boa semana.
Beijos.

Anônimo disse...

Amei! Amei! Amei!

Bj,

Rita de Cássia
BH

Unknown disse...

Olá Carol
Antes de mais ...parabéns pelo blogue ! :)

Gostaríamos muito que desse uma vista de olhos no projecto DVB- Digital Video Book ,de saber a sua opinião e qual o interesse em desenvolver o seu trabalho neste novo formato.

"Transformamos" os seus trabalhos (já editados em livro, ou não), num DVB- uma ideia original da Pastelaria Studios Productions

O projecto é recente, é uma inovação, tal como explicamos no nosso blogue:

http://pastelariaestudios.blogspot.com/


É exactamente isso! os seus poemas seriam " trabalhados " em DVB . Um livro que se vê como um filme!


Não se trata do mesmo funcionamento de uma editora "normal", pois não somos uma editora e prestamos essencialmente um serviço criativo.

A minha sugestão seria, enviar-nos a sua obra, e nós faremos uma análise e um orçamento de custos.

Posso adiantar que, por ser um projecto novo e, embora o trabalho criativo (audio, voz, imagem, construção do DVB, etc) seja bastante, queremos chegar ao maior número de autores de obras escritas, mesmo que essas estejam ainda na 'gaveta' ...



Fico a aguardar uma resposta e, qualquer dúvida ...estamos por aqui.

Um abraço,

pastelariaestudios@gmail.com