domingo, 26 de fevereiro de 2012

Folhas secas

Enterrei suas cinzas embaixo da terra seca que matava meu jardim. Aos poucos colhi os frutos podres do que era teu em morte debaixo da terra já morta. Tudo que um dia foi verde ressecou. E eu passei a achar o marrom a cor mais bonita das estações. Pintei um quadro com as cores do céu e me perdi em um voo de um beija-flor embriagado de amor e de fome. O que se sente é a necessidade de não se morrer num tempo chamado sempre. O que se tem no momento é o verde e curto período do que chamamos viver agora. Nem todos os espinhos machucam tanto quanto flores suculentas que empolam a pele fina da menina que abraça ramalhetes inteiros. O inverno se aproxima e com ele vão-se as folhas secas para sacos pretos, fora da paisagem do quadro que outrora pintei em sonhos vãos.

Carolina Desmondier

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