quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Acordar

Pablo Picasso, Girl in a Chemise circa 1905
Ela abriu os olhos devagar. Não havia tanta luz. Sentiu um frio percorrer os braços que se encontravam fora do edredon marrom. Sorriu um sorriso amargo de manhã-de-sempre. Pelo menos sorriu. Esperou um minuto. Talvez em sessenta segundos o calor do único feixe de luz que invadia o quarto por uma brecha da cortina lilás queimasse sua pele alva.
O calor não aconteceu. Pôs o pé no chão sujo e frio. Abria e fechava os olhos na esperança de aquilo tudo ser um sonho. Sonhou com um amanhã parecido com um passado distante. Acordou com um hoje repleto de responsabilidades e de cores frias e solitárias. Recolheu os pés. Cobriu-se com o edredon e percebera que era apenas mais um domingo...novamente.

Carolina Desmondier

7 comentários:

Machado de Carlos disse...

Fantástico! Logo ao abrir os olhos que são as portas para o mundo. Mas o domingo é sempre assim; (um quase vazio toma conta de nós nesse dia, pois já ficamos pensando na segunda-feira). Aí tudo volta à rotina.
Belíssimo texto!
Obrigado pelas tuas palavras que acarinham. Estou muito feliz por ter você ao meu lado!

Beijos! (Escreva sempre, viu?)

Michele Pupo disse...

Carol

Acordar desesperada e descobrir que é domingo: não tem preço! rs

Belíssimo texto, como sempre.
Sensibilidade poética é o que não te falta! ;-)

Beijos

Anônimo disse...

Faço minhas as palavras do Machado rs.
Que saudades de vc minha linda.
Fiquei feliz com sua visita.
Beijos menina linda!!!

Giselle Trindade disse...

oi querida
ótima fim de semana para ti
obrigado pelo comentário
kiss

Anônimo disse...

Lembra um pouco o meu último conto, é o meu penúltimo post, depois olha lá. Claro que o seu é bem diferente, tem outro foco, mas pelo meu falar do despertar, me lembrei.

Obrigada por seu comentário no meu último poema, querida, sempre tão delicada vc.

Beijo.

João Lenjob disse...

Isso Quer Dizer Amor
João Lenjob

Tinha certeza e só
Não entrei aqui (seu coração) para sair
Mas vim aqui somente para entender
E lhe remeter o que quer dizer amor
Já lhe adianto, por favor, que foi fácil ver.
Logo que vi você a derivação de brilho e flor
Logo entendi a tal fascinação
Que agita o coração, de tremer, arrepiar,
Na ansiedade estar
Tentar esquecer ou não querer se lembrar.
Compreender a chegada aos céus, falação com pudor,
Respeitar o ar e a natureza apreciar,
Deixar a dor chegar e nem sentir
Ou sentir dor e deixar e nem ligar
Sonhar acordado, sozinho estar a sorrir, de nada.
Sentir um calor acontecer, sempre junto com o frio,
Vezes até calafrio,
O mundo se renovar, cada momento re-acontecer,
Isso quer dizer amor.

Renata de Aragão Lopes disse...

Domingo tem dessas coisas...

Beijo,
Doce de Lira