sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Ocaso

Breu isolado no ventre teu
Iluminuras soltas no infinito do acaso
A sorte perpassa por entre vincos estreitos
da mente frágil do ser amado

O sol não brilha como antes
Quem dera pudesse eu guardar os raios no peito
E da pedra tirar a seiva da vida
E da vida tirar o dedo do ocaso

O ócio que impera ristes mantos sujos
Hoje se instala dentro do meu corpo cansado
Figuro manjares dentro dos olhos

Não compreendo ainda a alma
Não compreendo ainda o circuito de oitos eternos
Não abrirei meus olhos cegos de dor
Não julgarei outrem sem alma para dar

De onde vem o tempo
que carcome essas almas puras
petrificadas pela brisa seca de outrora?

A água salobra arde
O que era eterno virou momento
O que era momento virou verdade.
O que era verdade se esconde
em um infinito desconhecido
ou numa garrafa de vinho quebrada.

O que era vida se fez palavra
E da palavra, p-o-e-s-i-a.

Carolina Morais
Eine Kleine Nachtmusik 1943, by Dorthea Tanning.



4 comentários:

♪ Sil disse...

O que era vida se fez palavra
E da palavra, p-o-e-s-i-a.


Coisa mais lindaaaaaaaaaaaaaaaaaaa essa menina meu Deus do céuuuuu!!!!

Carol, é tão bom quando entro aqui, é como se eu sentisse que vc ia chegar e eu pudesse te dar um abraço e dizer o quanto você é uma amiga essencial na minha vida!

E vendo mais uma vez, essa foto ai embaixo (Cada uma mais linda que a outra), eu posso sentir o brilho dos seus olhos e toda a felicidade que vc conquistou.
E conquista a cada dia!

Te mando retalhos de amor
Palavras do Caio Abreu, pra você!!

Beijoooooooooooooooooo!!!
Amo-te!

Márcio Vandré disse...

Eu tirei o dedo do botão do ocaso há um tempo. Hoje, a poesia é vociferada de minha boca. A saliva é ácida. A minha vida é o que despejo na escrita.

Anônimo disse...

Poema de ler num só fôlego, poema que rasga mais ainda as reentrâncias. Tela incrível, perfeita para o post!

Beijo.

Unknown disse...

E da vida tirar o dedo do ocaso

essa frase é forte heim.... é um acaso, ocaso, uma caso mesmo.

Carol, vc está escrevendo bem demais, com imagens que refletem dentro da alma.

Um infinito e uma garrafa de vinho, poxa, como são parecidas estas coisas... como tudo pode ser tudo mesmo.