quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Aquarela


Pierre-Auguste Renoir (French 1841-1919).
Claude Monet painting in his Garden at Argenteuil, about 1873.
Oil on canvas. 19 3/4 x 24 in. (46 x 60 cm).
Acordei Amarela
Deixei minha aquarela cair
Espalhei momentos meus pela terra batida
Pintei um arco-celeste nos dedos dos teus pés.

Vento de areia vermelha
Carrega meus pensamentos todos
para longe de mim, perto de um penhasco
qualquer.

Caraminholas doidas que voam além daqui
Dormem num estado atmosférico desigual
do nosso

Eu vou de um lado para outro
temendo a morte escura
temendo o futuro anil
temendo meu eu que
nem eu sei onde se encontra
branco como a neve
puro e incerto

Perdida, vago pelo mundo
Vejo sua alma multicolorida
Mordo a almofada da sala
Ansiedade passada
e futura
no mel dos teus olhos marejados

Tudo fica comigo por um instante
Eu possuo o mundo no meu bolso
Eu levo comigo um colar de diamantes
Eu rasgo as cartas que eu li
Eu escrevo novas com meu eu remendado
de novo e de novo e de novo

Eu nunca me canso
de chupar laranja verde
de dizer que estou viva.

Carolina Morais

*Dedico esse poema à minha querida Lara Amaral, dona de um teatro no qual quem atua somos nós! Um grande beijo, Larinha!

6 comentários:

Anônimo disse...

Ah, minha linda, tinha acabado de comentar sobre o seu vídeo e nem tinha visto ainda este poema, pois acompanho os blogs pelo google reader e começo pela postagem mais antiga. Que agradável e emocionante surpresa. Fui lendo e sentindo um "nózinho" daqueles que vão nos pegando de jeito, apertando, nos obrigando a nos entregar. Estou enternecida, resumindo, é isso.
Muito, muito obrigada mesmo, querida, amei!

Já estou levando-o para a minha galeria de presentes do Teatro, viu?

Beijo, flor.

Anônimo disse...

Perfeitoooo :)

Que dom, viu!

Bjos

Machado de Carlos disse...

Belíssimo o seu poema dedicado a Lara. Achei também sensacional o vídeo que você relata tudo o que sente nos Estados Unidos.
Tenho um amigo que também está por aí. Ele esteve um bom tempo nos EUA, para aprender a Língua, depois ficou nove meses na África ajudando o pessoal da ONG Americana em prol da AIDS. Agora está novamente aí e deve voltar para Ribeirão Preto-SP. , mês que vem por causa do visto que vencerá.
Foi muito bom ouvir você. Caso você queira ler o Soneto que fiz para a Lara entre em meu Blog. (É um acróstico de cima para baixo e vice-versa)
Um abração!
Fique bem!

Michele Pupo disse...

Um poema lindo deste e com uma imagem sensacional, só pode mesmo nos fazer bem! Radiante, assim como vc.

Bjs!

s a u l o t a v e i r a disse...

A cada vento que bate, leva e traz pensamentos, nos reconstruímos, remendamos...
Gosto de como tua poesia me provoca.

Beijos.

Unknown disse...

É Carol, à vezes tem que pintar um azedo pra gente ver o quanto é bom o doce!
Viver é demais,
até quando é ruim,
é demais
né Carol!